A pergunta foi feita por ninguém menos que Kalev Leetaru. Ele é expert em dados da Universidade de Illinois (EUA) e um dos criadores da Base de Dados Global de Eventos, Linguagem e Tom (abreviada em inglês como GDELT).
Em um artigo recente no site da revista da Forbes, Leetaru apontou que a obsessão por grandes quantidades de dados tem levado a um sistemático descuido da qualidade desses dados. Além de certa vista grossa com relação a parâmetros éticos na hora de obter informações.
“Até mesmo para além de conceitos de privacidade e de dados, há um vasto universo que profissionais de biblioteconomia e ciência da informação. Isso pode ensinar a cientistas da computação, a respeito de como pensar nos seus usuários”, afirma Leetaru.
A observação faz ainda mais sentido quando se sabe mais sobre o pesquisador. Assim, a base de dados GDELT, citada acima, é um projeto ambicioso: tem como missão “construir um catálogo de comportamentos humanos e crenças em todos os países do mundo social ao longo dos dois últimos séculos”.
Como um dos fundadores da GDELT, não surpreende que Leetaru se preocupe com o lado humano da computação. Tal preocupação, porém, implica numa forma mais holística, mais completa de se pensarem áreas como tecnologia da informação (TI) nas empresas.
O ponto de vista também vislumbra novas possibilidades na área de pesquisa. “No fim das contas”, conclui Leetaru, “há muita coisa que os cientistas da computação podem aprender com a comunidade de biblioteconomia e ciência da informação. Por exemplo, caso eles se apressem, talvez possam aprender algo antes que sejam engolidos pela onda voltada só para dados prestes a atingir a academia”.
Essa tendência de se preocupar exclusivamente com dados em detrimento das necessidades do negócio e da privacidade de clientes e parceiros também é uma ameaça para o futuro sustentável das companhias. A reflexão de Leetaru serve, sobretudo, para repensar a dinâmica entre os diferentes setores. Será que TI e gestão de documentação não deveriam conversar mais entre si?
Em conclusão, a troca entre os dois departamentos garante um saldo positivo, com mais compreensão a respeito das capacidades e dos limites de um negócio — conhecimento essencial para expandir a empresa no curto e no longo prazo.